Um guru na baterista, um ninja do turntablist, um guerreiro do sampling, um mago das "teclas" e um encantador de cobras, ou melhor, de cordas. Isto seria o mesmo que dizer: Ferrano, Cruz (mais conhecido como Cruzfader), Mira Professional (o nosso muito estimado Sam the Kid), Gomes Prodigy e Rebelo Jazz Bass. Todos juntos são Orelha Negra.
Na passada terça-feira tive o grande prazer de ver e ouvir ao vivo aquele que foi, para mim, o verdadeiro cabeça de cartaz de toda a semana de Recepção ao Caloiro 2010/2011 da UBI. E devo dizer que fiquei simplesmente maravilhado. No palco estavam dois dos meus heróis nacionais - Sam e Cruzfader - sem desprimor por nenhum dos outros elementos do grupo. Foi também nessa noite que me apercebi da ignorância da maioria das pessoas em relação ao grupo que tinham diante de si.
Dá-me pena ver, que num país tão fortemente ligado a África, apenas a mais básica e - desculpem-me mas... - Reles! música de influência negra singra e é conhecida pela maioria da população nacional.
Será que os grandes nomes e projectos musicais estão destinados a serem reconhecidos apenas por um pequeno público?
Como é que um grupo deste perde a nomeação para Melhor Artista Europeu - Portugal para os Nu Soul Family? É certo que gostos não se discutem, - frase com a qual já estive mais de acordo - mas será que se lá estivessem os Irmãos Verdade o resultado seria o mesmo? Ou será que os jovens portugueses gostam muito de Hip Hop, mas ainda não ouviram funk, soul e jazz? Vai ser preciso uma moda nesse sentido para o fazerem?
Parece que as vossas jukeboxes portáteis, vulgo leitores de mp3, mudam apenas consoante o top do iTunes.
1 comentários:
Pois é...foi sem dúvida um óptimo concerto!
Mas tenho de dizer que me senti um pouco "envergonhada" pela atitude do resto do pessoal que estava a assistir ao concerto. Parece que actualmente ninguém dá valor às bandas "novas" portuguesas...
Infelizmente acho que aquelas pessoas (que por não conhecerem a banda nem sequer dão uma oportunidade de mostrarem o seu valor) só iriam vibrar por um reles concerto do Quim Barreiros. Mas como tu mesmo disseste, gostos não se discutem.
Em alturas como esta lembro-me sempre de uma frase que ouvi numa peça de teatro ("Pedras rolantes"): "Prefiro tocar para 20 pessoas que percebam a nossa música do que para 20000 que não percebam". Acho que foi isso mesmo que os Orelha Negra fizeram, tocaram para quem os ouvia e esqueceram-se do resto das pessoas!
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