Sendo eu estudante de Ciências Farmacêuticas não podia deixar passar em branco esta polémica sobre a venda dos genéricos.
Depois de tanto que se falou sobre a venda dos genéricos facilitarem a vida e a economia dos portugueses e de apelarem aos médicos para receitarem medicamentos genéricos em vez de medicamentos de marca para que os portugueses (depois de muitos europeus já usufruirem disso) pudessem ter acesso a medicamentos mais baratos e da mesma qualidade que os de marca, agora que isso é possível parece que a nossa Ministra da Saúde não gosta muito da ideia.
Bem se calhar não gosta muito da maneira como as coisas estão a ser feitas e porquê? Porque finalmente alguém, neste caso os farmacêuticos, decidiram fazer frente aos médicos e retirarem-lhes um pouco do muito poder que estes possuem.
A ANF decidiu que uma vez que os médicos ainda se recusam a prescrever medicamentos genéricos, os utentes podem decidir na farmácia se preferem os medicamentos de marca ou os genéricos, mais baratos, mesmo que os mesmos não constem na receita.
Então a Ministra da Saúde já anunciou que o Serviço Nacional de Saúde não pagará às farmácias a comparticipação dos medicamentos que forem substituídos pelo genérico mais barato sem autorização do médico.
Pelo andar da carruagem esta medida vai mesmo para a frente e os nossos excelentíssimos médicos vão continuar a rir-se à custa de todos nós.
Enfim...mais uma vez este é o Portugal que temos ou melhor, que os nossos políticos querem ter!
9 comentários:
Sejam voces ou não bons ou mesmo os melhores farmaceuticos nunca serão mais ou melhores profissionais que os medicos...no sentido de saberem sobre doenças..por isso a questão dos genericos é muito simples...ou são passados pelos medicos ou não serão os farmaceuticos que saberao quais os melhores medicamentos pelos quais substituir...Só os medicos poderão e saberão substituir medicamentos não genericos por genericos...são eles - medicos - que conhecem os doentes, quais os principios activos e substancias que contêm os medicamentos que os seus doentes podem ou não tomar...não são os farmaceuticos
até porque..e sabes se calhar mais disso que eu...muitos profissionais que têm uma especial tendencia para ajudar os "amigos" das industrias farmaceuticas...e tenho pra mim que os medicos estão mais longe disso.
a sra ministra tem todo o meu apoio
beijinho
Não me venham com a conversa de que os médicos percebem mais de medicamentos do que um farmacêutico. Afinal de contas, qual deles é que estuda maioritariamente para conceber e produzir medicamentos? O médico? não me parece...
Acho que estas errada, Rita. E parece-me que esse erro é apenas um dos muitos exemplos da mentalidade social de que os médicos são uns semi-deuses. Já passou esse tempo, e nem nunca devia ter existido.
Dizer que um médico percebe mais de medicamentos do que um farmacêutico é o mesmo que dizer um designer percebe mais da projecção de edifícios do que um arquitecto, e convenhamos que estou a desvalorizar a minha futura profissão, mas é a verdade.
Eu ía dizer exactamente o que o Daniel disse!
Somos nós, estudantes de Ciências FarmacÊuticas que passamos 5 anos da nossa vida e mais 2 ou 3 de especialização, a estudar medicamentos, principios activos e possiveis efeitos que estes terão nos doentes!
Os médicos podem conhecer melhor os seus doentes, e isso não digo que não pois convivem com eles mais vezes, mas somos nós, farmacêuticos, que sabemos quais são os melhores fármacos.
E quntos aos "amigos" das industrias farmacêuticas, eles não são so amigos dos farmacèuticos, também há muitos médicos que tiram proveito desse tipo de situações.
E se os farmacêuticos têm capacidade de trocar medicamentos de marca por genéricos também têm a capacidade e o bom senso de saber quando o genérico não tem as mesmas caracteristicas e efeitos que o medicamento de marca. E a esta situação já eu assisti várias vezes durante o meu estágio!
Por favor, deixem de pensar que os médicos são os melhores profissionais do mundo! Lá porque tiveram as médias mais altas não quer dizer que sejam os mais inteligentes e que tenham a maior aptidão para a sua profissão!
Pois não posso concordar com voces...Continuo a achar...e não é um mero cliché da sociedade...que os medicos acerca deste assunto continuam a a ser a primeira escolha...o facto dos farmaceuticos estudarem 5 anos maioritariamente sobre medicamentos não quer dizer absolutamente nada...alias o que é que voces estudam sobre medicamentos Joana? vocês decoram algumas coisas que na prática pouco vos servirão...e não querendo generalizar...tudo o que meramente se decora esquece-se....assim como nós educadores estudamos 4 anos sobre educação e chegamos á prática e nada sabemos
mas é apenas a minha mera opinião
beijinho
Médico - o profissional da doença e do diagnóstico.
Farmacêutico - o profissional do medicamento e da cura.
E nenhum deles é melhor q o outro na respectiva função.
A diferença que pode ocorrer entre os genéricos e comuns medicamentos de marca prende-se no excipiente... E eu pergunto-me se os médicos sabem os excipientes todos dos medicamentos e as interacções dos mesmos com o organismo.
Mais... Já estagiei em Farmácia Hospitalar e sempre que um med.genérico é mais barato que o de "marca" opta-se pela compra deste. Não entendo o porquê de um utente em internamento poder tomar o genérico e fora dele não.
Mais ainda... o medicamento genérico é cópia do "de marca" e passa exactamente o mesmo controlo de qualidade que todos os outros. Diferença de custos? Não houve custos de investigação que foram promovidos por outro laboratório (daí a patente inicial de todos os medicamentos novos no mercado).
E, Rita, acredita que os médicos são pagos pelos laboratórios farmacêuticos - e sei do que falo. E gostaria de saber até que ponto não há também pressão dos grandes laboratórios para com a ministra da saúde.
Isto, apesar de se estar a lidar com a saúde, não deixa de ser economia, politica e marketing. Não se brinca com a saúde dos utentes do SNS mas também se pede respeito pelos mesmos.
Cenário ideal: Cartão individual de Saúde com ship ou banda magnética contendo todo o historial clinico do doente. Com acesso por qualquer profissional de Saúde. Isto iria facilitar imenso. Dou até um exemplo... Nenhuma mulher compra a pilula sem receita médica... Se houvesse esse cartão, enquanto a informação nele presente fosse a toma daquela mesma pilula, era necessário uma receita médica mensalmente?
E não é um puxar a brasa à minha sardinha...
Para mim, sentem Ministra, Farmacêuticos e Médicos à mesma mesa. É que os médicos são importantissimos para os farmacêuticos... Mas o contrário também acontece.
Mafalda
Já agora, Rita, em relaão ao que é que sabemos após 5 anos eu pergunto-te qué que o médico sabe então.
Quem tem farmacologia aprofundada somos nós, alunos de CFarmacêuticas. Quem faz os medicamentos? Médicos?
Infelizmente é uma profissão desvalorizada e não quero com isto dizer que somos melhores que médicos ou que sabemos mais que eles porque não o acho. Sabemos em direcções opostas que deveriam, cordialmente, completar-se.
Suspeito que daqui a uns anos a classe médica vá levar uma reviravolta por parte da sociedade. Tal como os professores que antigamente eram visto como uns senhores e hoje td a gente os enxovalha e ninguém faz noção do trabalho da classe. (Já novos funcionários de escolas se viraram para os meus pais "Ah... Ainda cá está? Mas não está de férias? Nunca pensei que os professores trabalhassem tanto"...)
Qualquer dia talvez o cidadão que vá as urgencias em vez de refilar com o funcionário, segurança, enfermeiro que por ali passe pela demora, se lembre de se queixar ao médico, que muitas vezes é responsável. E não quero generalizar para toda a classe - atenção.
Já fugi do tema... Mas revolta-me ver esse endeusamento, por vezes.
LOOOOL
Não é endeusamento Mafalda...simplesmente tenho mais exemplos do que penso e digo do que o contrário...
beijinho
Tema polémico, hum? Lamento mas discordo com a Rita. Querer comparar um curso de 5 anos em farmácia e um curso de medicina onde os médicos terão meia dúzia cadeiras onde falarão sobre medicamentos parece-me um bocado absurdo. A área dos médicos não é os medicamentos. Isto para variar não passa da mesma treta de sempre em que os médicos não querem perder dinheiro e quem sofre são as pessoas que precisam dos medicamentos. Os médicos são bombardeados e pagos pelas empresas farmacêuticas para receitarem os seus medicamentos e disso podem ter a certeza. E isto não é inventado ou algo que tenha ouvido por aí, isto foi-me dito pessoalmente por um médico que conheço. Isto é só mais uma das "óptimas" medidas do nosso brilhante governo, que só sabe fazer borradas. Sinceramente, já nada me surpreende, porque já entendi que a estupidez humana é infinita. Antigamente no tempo da alquimia onde as pessoas levavam as receitas com os ingredientes e os alquimistas lá davam o que a pessoa queria não havia estes problemas pois não? E porque não passar uma receita de Paracetamol em vez de Benuron ou Dafalgan ou até mesmo o genérico e deixarem a pessoa escolher a marca que quer? É um pouco irrealista, não é? Pois, mas ninguém deveria ser obrigado a comprar algo mais caro enquanto que existe a mesma coisa mais barata? Principalmente nos tempos de crise em que vivemos, será que toda esta situação faz algum sentido?
"Médico - o profissional da doença e do diagnóstico.
Farmacêutico - o profissional do medicamento e da cura.
E nenhum deles é melhor q o outro na respectiva função."
Exactamente Mafalda...
Além dos excipientes, só o médico tem acesso ao historial clínico do paciente, podendo (pelo menos devia) receitar aquele que melhor se adequa ao caso em questão.
É claro que os médicos podem receber dinheiro por parte das indústrias ao prescrever determinado fármaco de determinada marca, mas também as farmácias tendem a vender medicamento X ou Y, sobretudo aqueles feitos sazonalmente, em que são compradas grandes quantidades que depois têm de ser vendidas de alguma maneira.
É óbvio que o INFARMED só autoriza o lançamento no mercado de um fármaco em que as suas vantagens superiorizam bastante as desvantagens e efeitos secundários produzidos por determinado fármaco, que tanto os genéricos como os medicamentos "de marca" passam exactamente pelos mesmos processos e tipos de controlo e que determinado genérico para ter autorização de introdução no mercado tem de apresentar o mesmo principio activo do medicamento de marca em causa.
Mas corresponderá sempre a dosagem de um medicamento de marca ao genérico pelo qual é trocado? Alguns sim, outros não. "Ainda" não é permitido ao farmacêutico vender fármacos diferentes dos prescritos com dosagens maiores, que pelo que se deve perceber, poderia ter repercussões graves.
Terá o genérico os mesmos efeitos "indesejáveis" e as mesmas incompatibilidades que o medicamento de marca? Pois... muitos sim, outros não terão certamente.
Não nos podemos guiar por:
"E se os farmacêuticos têm capacidade de trocar medicamentos de marca por genéricos também têm a capacidade e o bom senso de saber quando o genérico não tem as mesmas características e efeitos que o medicamento de marca."
Acho que é óbvio que tem de haver regulamentação, porque se nos fossemos regular pelo bom senso, certamente haveria muito mais fraudes e muito mais gente a lucrar à custa de quem não pode nem gastar um único euro.
Concordo com o facto de o médico poder simplesmente receitar algo com base no principio activo e aí, os farmacêuticos têm toda a capacidade e credibilidade para, de uma forma ou outra, poder aconselhar este ou aquele medicamento que, neste caso, poderia levar à dispensa de um medicamento genérico, mais barato e por isso mais fácil de ser adquirido por parte dos doentes.
No entanto, penso que não deixa de ser (de acordo com a lei actual), um assunto que ainda vai gastar muita tinta (ou muito teclado), pois com a alteração da actual lei, seriam sem dúvida os médicos quem mais ficariam a perder e as farmácias e a sociedade quem mais ficaria a ganhar.
Re-escrevo o mesmo que a Mafalda:
"Para mim, sentem Ministra, Farmacêuticos e Médicos à mesma mesa. É que os médicos são importantissimos para os farmacêuticos... Mas o contrário também acontece."
Sem dúvida nenhuma que é o dinheiro que move tudo isto. Deve é obrigar-se as farmácias a ter só farmacêuticos, pois não serão certamente os pseudo-"ajudantes técnicos", que com uma formação de 2 ou 3 meses saberão fazer qualquer aconselhamento relativamente a fármacos (que se fiquem pelas papas dos bébés e pelas palmilhas ortopédicas =P).
Abraço
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